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Em 1701, teve início o arraial que daria origem à atual cidade do Serro. O primeiro nome de que se tem notícia foi “Arraial do Ribeirão das Minas de Santo Antônio do Bom Retiro do Serro do Frio”, dado em 1702, no ato de descoberta oficial das minas de ouro no local. Também, há citações de “Arraial das Lavras Velhas”, embora sem registros oficiais. O nome da região, dado pelos índios, era Ivituruí (morro dos ventos gelados) na língua tupi-guarani. Dai derivou Serro Frio ou Serro do Frio. Ivituruí era uma região da Serra do Espinhaço.[6] Em 1714, a povoação é elevada à condição de vila com o nome de Vila do Príncipe, pelo governador Brás Baltasar da Silveira. Em 17 de fevereiro de 1720, passou a ser sede da comarca do Serro do Frio (norte-nordeste da capitania de Minas Gerais). Foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de Serro, por lei provincial de 6 de março de 1838.

Próximo às cabeceiras do rio Jequitinhonha, às margens dos córregos Quatro Vinténs e Lucas, paulistas fincaram suas bandeiras a serviço da Coroa Portuguesa. Corria o ano de 1701, quando chegou à região uma expedição chefiada pelo guarda-mor Antônio Soares Ferreira. Na terra chamada de Ivituruí, descobriram jazidas de ouro.

Vários ranchos foram erguidos nas proximidades dos córregos, dando início à formação dos arraiais de Baixo e de Cima que se desenvolveram em pouco tempo e, juntos, deram origem ao povoado do Serro Frio. Novos grupos de pessoas chegaram atraídos pela abundância de ouro daquelas terras.

A exploração desordenada da primeira década do século XVIII levou à criação do cargo de Superintendente das minas de ouro da região, ocupado pelo sargento-mor Lourenço Carlos Mascarenhas e Araújo, em 1711. O povoado cresceu e, em 1714, o arraial foi elevado à condição de Vila do Príncipe.

Mais tarde, além do ouro, os mineradores descobriram lavras de diamante na região, que hoje corresponde a Milho Verde, São Gonçalo do Rio das Pedras e Diamantina. Para defender os interesses do império, em 1720, foi criada a grande comarca do Serro Frio, que passou a ser a maior comarca das Minas, sediada na Vila do Príncipe e abrangendo uma grande área, incluída a do então arraial do Tijuco, hoje Diamantina, e todo o norte-nordeste do Estado.
Muitas foram as restrições impostas à exploração de ouro na comarca. Em 1725, foi determinada a criação da Casa de Fundição, para onde toda a produção aurífera da região passaria a ser encaminhada.

Apesar de todas as regras impostas, muitos aventureiros encontraram espaço para contrabando de ouro e diamante.

A vila passou, também, a difundir cultura e civilização para toda a região. Exploradores, artistas, políticos e religiosos passaram, então, a povoar o local.

As minas foram exploradas exaustivamente, durante quase cem anos. No início do século XIX, com a decadência da mineração, somente alguns mineradores, encorajados pelo governo, conseguiam arcar com os altos custos de produção. A grande maioria da população passou a se dedicar à pecuária e à agricultura de subsistência, atividades dificultadas pela localização geográfica da Vila.

O empobrecimento das minas interferiu na vida econômica e social do lugar. Em 1817, o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, em visita Vila do Príncipe, descreveu sua situação da seguinte forma: “Vila do Principe compreende cerca de 700 casas e uma populacao de 2500 a 3000 indivíduos. Essa vila está edificada sobre a encosta de um morro alongado; e suas casas dispostas em anfiteatro, os jardins que entre elas se vêem, suas igrejas disseminadas formam um conjunto de aspecto muito agradável, visto das elevações próximas.” Em outro trecho relata a existência de”…duas estalagens e umas 15 casas de comércio com quase tudo importado da Inglaterra”. Ainda segundo seus relatos, a vila não possuía nenhum chafariz, e o abastecimento de água era feito por escravos que traziam barris de água do vale. Não havia estabelecimentos de lazer, e a caça era a diversão, prática comum na região. Saint-Hilaire, no entanto, se encantou com a beleza das mulheres, com as igrejas e com as festas religiosas, que já eram tradição na antiga vila.

Em 1838, a vila foi elevada à condição de cidade, continuando como centro administrativo e jurídico da região. Desenvolveu-se o comércio, pequenas fábricas de ferro foram instaladas na cidade, enquanto o Serro continuava a ocupar posição de destaque na região. O Município ganhou, também, importância política. Vários de seus filhos, como Teófilo Benedito Ottoni, líder da Revolução Liberal de 1842, Cristiano Benedito Ottoni, Simão da Cunha Pereira, João Pinheiro da Silva e Sabino Barroso, entre outros, se destacaram na vida pública. Bons casarões foram construídos durante todo o século.
Mas a falta de modernização e de novas alternativas econômicas fez com que a cidade perdesse, pouco a pouco, capacidade para competir no processo de desenvolvimento. O Serro não conseguiu se incorporar às redes de ferrovias e se isolou dos novos padrões de transporte e desenvolvimento.

O isolamento, contudo, ajudou na conservação do patrimônio histórico de Serro. Em 1938, todo seu acervo urbano-paisagístico foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

Ao longo do século XX, a atividade econômica do Município estruturou-se na pecuária leiteira – grande parte do leite é usado na fabricação do Queijo do Serro. Mais recentemente, busca-se desenvolver a atividade turística com ênfase na riqueza paisagística da região e no patrimônio material e imaterial da cultura do Serro.

Entre as referências do Patrimônio Imaterial da Cultura, encontra-se o Processo Artesanal de Produção do Queijo do Serro, reconhecido, em níveis estadual e nacional, por meio de registro, respectivamente, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA-MG – e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

 

Fonte: Serro. Disponível em: http://www.mariacoeli.com.br/serro/. Visto em: 15/09/2015